
Coisas assim, fazem-me acreditar no Homem.
A história conta-se rapidamente: no dia 5 de Agosto, desmoronou-se uma mina de cobre e ouro, perto de Copiapó, localidade do deserto de Atacama, Chile, soterrando 33 mineiros, a 700 metros de profundidade. Estiveram 17 dias incomunicáveis, vivendo na escuridão das profundezas, alimentando-se, apenas, de uma ração de água, algum leite, meia bolacha e duas colheres de atum, em cada 48 horas.
No exterior, ninguém fica insensível e são desenvolvidos esforços para os salvar. As perspectivas dos especialistas, apontavam para que o salvamento ocorresse, apenas, próximo do Natal.
A 23 de Agosto, recebem, pela primeira vez, comer, oxigénio e água. Depois, começam a comunicar, por escrito e de viva voz, com os familiares. Entretanto, nasce a filha de um deles, a quem é dado o nome de Esperanza.
No início de Outubro, está pronta a cápsula, chama Fenix, como a mítica ave que renasceu das cinzas, construída pela marinha chilena, com a colaboração da NASA. Esta cápsula, com meia tonelada de peso, dois metros de altura e sessenta centímetros de diâmetro, iria ser o meio de transporte destes homens, que estiveram, como disse um deles, "entre deus e o diabo", para a liberdade.
E, de fato antiabrasivo vestido e óculos escuros postos, surge o primeiro mineiro à superfície, após 69 dias soterrado, dando lugar a uma grande explosão de alegria de todos os presentes e renovando a esperança da realização do resgate com sucesso, dos restantes. A partir de então, foram subindo, um a um, sem interrupções, nem perdas de tempo desnecessárias.
Emocionadamente, os corações, deles e nossos, foram batendo ao longo de todas aquelas horas, para finalmente descansarem, sentindo que ao menos, por uma vez, não se pensou mais no dinheiro do que no homem.
Fernanda Pedroso