26 junho 2010

Casa Eficiente

Ontem, visitámos a Casa Eficiente, no Museu da Electricidade, em Lisboa.
Entre tanto futebol e vuvuzelas lá arranjámos tempo para ir visitar a Casa Eficiente e aprender maneiras de viver com o menor custo energético para o planeta.
Não pudémos deixar de visitar aussi os pastéis de Belém, saborosos, morninhos e estaladiços.
Das fotos que tirámos, aqui ficam algumas.

Link da Casa Eficiente, aqui.

20 junho 2010

Saramago morreu! Viva Saramago!

Porque a sua obra ficará viva pelos séculos dos séculos além!
Tamanha lucidez, frontalidade e firmeza de convicções, faz-nos falta, num país que se está a transformar num ensaio sobre a mudez, onde ninguém tem coragem/voz para denunciar as aberrações que estão a acontecer diariamente.
Do encantamento e estranheza que foram Levantados do Chão e Memorial do Convento, os que vieram a seguir tornaram-se iguais a quaisquer outros muitos bons romances. Que me perdoem! O que importa menos é onde ficam as suas cinzas - Azinhaga do Ribatejo? Lanzarote? Outro sítio? No nosso coração, certamente! O que faz falta é o homem e as palavras que dizia.
Talvez ele pudesse reinventar novos levantados do chão contra esta crise com que nos massacram, mas de que não somos culpados.

Breve biografia de José Saramago
José de Sousa Saramago (Azinhaga, Golegã, 16 de Novembro de 1922 - Lanzarote, Ilhas Canárias, 18 de Junho de 2010) foi um escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português.
Nasceu de uma família de pais e avós pobres. Em 1924, a familia muda-se para Lisboa. Apesar do gosto que demonstra desde cedo pelos estudos, não tem possibilidade de entrar na universidade. Para garantir o seu sustento, formou-se numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico.
Entretanto, fascinado pelos livros, à noite visitava com grande frequência a Biblioteca Central - Palácio Galveias, em Lisboa.
Autodidacta, aos 25 anos publica o primeiro romance Terra do Pecado (1947), mesmo ano de nascimento da sua filha, Violante, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis, com quem se casou em 1944 e permaneceu até 1970. Nessa época, Saramago era funcionário público. Para melhorar os seus rendimentos, em 1955, começou a fazer traduções - Hegel, Tolstói e Baudelaire, entre outros autores, aos quais se dedicou.
Saramago era militante do Partido Comunista Português desde 1969.
Em 1975, foi nomeado director-adjunto do Diário de Notícias, cargo que ocupou durante alguns meses. A partir de 1976 passou a viver dos seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor.
Em 1988, casar-se-ia com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986, ao lado da qual continuou a viver até à sua morte.
Devido a toda a influência cultural exercida pelo catolicismo em Portugal, Saramago aborda a Bíblia no seu trabalho de escritor. A sua interpretação sobre este livro é a de que ele é um "manual de maus costumes", cheio de "um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana" e que, para uma pessoa comum a decifrar, precisaria de ter "um teólogo ao lado". E cita, para sustentar isso, os episódios de violência relatados na Bíblia, como o sacrifício de Isaac, a destruição de Sodoma ou a vida de Job, por exemplo. Para Saramago, todos eles revelam que "Deus não é de fiar". Porém, Saramago não deixa de reconhecer que a "Biblia tem coisas admiráveis do ponto de vista literário" e "muita coisa vale a pena ler", estando, entre elas, os Salmos, com páginas "belíssimas", o Cântico dos Cânticos e a parábola do semeador contada por Jesus.
A relação de tensão de Saramago com a Igreja Católica cresceu fortemente após a publicação do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo, em 1991. O livro foi motivo de fortes críticas por parte da Igreja Católica e de alguns políticos católicos que se consideraram ofendidos pela leitura secular que Saramago faz da personagem Jesus. O Sub-Secretário de Estado Adjunto da Cultura de Portugal, vetou, em 1991, o livro de Saramago de uma lista de romances portugueses candidatos a um prémio literário europeu. Este foi um dos fortes motivos que levaram Saramago a mudar-se de Portugal para Espanha, pouco depois.
Em 1992, juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues, fundou a Frente Nacional para Defesa da Cultura (FNDC).
José Saramago ganhou o Prémio Camões, em 1995, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.
Em 1998, a qualidade da sua obra literária é reconhecida mundialmente, com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura, sendo o primeiro e, até agora, único escritor de língua portuguesa galardoado com esse Prémio.
Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.
O lançamento de um dos seus últimos livros, Caim, em 2009, voltou a ser alvo de mais perseguição religiosa. O livro voltou a suscitar "incompreensões, resistências, ódios velhos", conforme Saramago. "Desperto muitos anticorpos em certas pessoas", acrescenta, acusando responsáveis da Igreja Católica de terem comentado o livro sem o terem lido.
Na sua passagem por Roma, em 14 de Outubro de 2009, criticou a Igreja Católica dizendo que as "insolências reaccionárias da Igreja Católica precisam de ser combatidas com a insolência da inteligência viva, do bom senso, da palavra responsável. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só têm interesse no poder".
A publicação sucessiva de um vasto conjunto de obras, tornam Saramago como uma figura cimeira da literatura nacional e mundial.

Frases de José Saramago
- "O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida, não sabia ler nem escrever", disse ao receber o Prémio Nobel de Literatura, em 1998, citando o avô, analfabeto.
- "Se eu pudesse repetir a minha infância, repetia-a exactamente como foi, com a pobreza, com o frio, pouca comida, com as moscas e os porcos, tudo aquilo.", em entrevista a Edney Silvestre, em 2007.
- "A globalização é um totalitarismo. Totalitarismo que não precisa nem de camisas verdes, nem castanhas, nem suásticas. São os ricos que governam e os pobres vivem como podem.", idem.
- "Eu sou um comunista hormonal. O meu corpo contém hormonas que fazem crescer a minha barba e outras que me tornam um comunista. Mudar para quê? Eu ficaria envergonhado, eu não quero tornar-me outra pessoa.", em entrevista à BBC, em Junho de 2009.

Página oficial, aqui.

13 junho 2010

Apresentação dum livro como alternativa ao futebol

Optámos pelo livro.
Mas o futebol é que está na ordem do dia!...
Quanto custa a um país, que está em crise, a participação da sua selecção no mundial? Não se sabe, mas suspeita-se que é muito. As vedetas não se contentam com pouco.
Quanto custa imprimir e editar um livro? Incomparavelmente quase nada.
E para que precisa um homem de publicar livros que falam de coisas do tempo dos "afonsinhos"? Quem quer ajudar um professor a publicar um livro, que conta como era esta zona (Almada, Lisboa), no período miocénico e mostra os vestígios encontrados? Ninguém!
Para muitos, este país não precisa de livros... precisa é de futebol!...
Ontem estivemos presentes no lançamento do livro, A vida antes de nós: fósseis e geistória da região Almada-Lisboa na época Miocénica, apresentado pelo próprio autor, Manuel Lima, na sala Pablo Neruda, Fórum Romeu Correia.
Neste livro o autor relata-nos como era a actual Região da Grande Lisboa, incluinda a área geográfica de Almada, há dez, quinze ou vinte milhões de anos. Como era o ambiente, o clima, a geografia, a fauna e a flora? Foram estas resposta que Manuel Lima procurou dar durante a apresentação, com apoio de várias imagens através de slides e que estão devidamente descritas no seu livro.

Almoço com Lucínia e Cesário

Desta vez, fomos almoçar com a Lucínia e o Cesário. Levámos umas guloseimas para a Beatriz e a Margarida e recebemos um vinho do Porto.
O almoço estava muito bom, como sempre. Entre outras iguarias, haviam sardinhas assadas, coisa que ainda não tínhamos comido este ano, espetada de perú e, como sobremesa, bolo de café, salada de fruta e café.
Só faltavam os manjericos...

Ocimum minimum é o palavrão em latim para manjerico, planta que, entre nós, está associada aos santos populares, sobretudo a Santo António.
A tradição de oferecer um manjerico à pessoa amada, vem dos tempos romanos.
O manjerico é uma planta efémera, mas, para prolongar a sua duração deve ser conservado em locais com bastante luz, mas sem sol directo, e água suficiente. Ao contrário do que se diz, cheirar um manjerico não o faz secar, mas o perfume libertado é maior se o tocarmos com a mão em concha.

07 junho 2010

Nelson Mandela

O Campeonato Mundial de Futebol está prestes a começar na África do Sul (11 de Junho a 11 de Julho de 2010). Mandela, essa força da natureza, lá está para o "abençoar".
Faz sentido prestar uma pequena homenagem a este homem, um dos personagens principais do filme Invictus, pela coereência e coragem com que lutou pelos seus ideais.
Nelson Rolihlahla Mandela, nascido em 18 de Julho de 1918, foi um grande activista e lutador pelos direitos políticos, sociais e económicos dos negros e contra o apartheid. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano (ANC) em 1947 e, dois anos depois, fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo uma organização mais dinâmica, a Liga Jovem do ANC. Desde então, tornou-se um membro activo do ANC.
Comprometido de início, apenas, com actos não violentos, Mandela e seus companheiros aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville (21 de Março de 1960), quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, desarmados, matando 69 pessoas e ferindo 180. O ANC é ilegalizado.
Em 1961, tornou-se comandante do braço armado do ANC. Coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo.
Em 1962, Nelson Mandela foi preso e condenado a 5 anos de prisão, por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves.
Em 2 de Junho de 1967, foi condenado a prisão perpéctua, por planear acções armadas e de sabotagem.
No decorrer dos 26 anos seguintes, Mandela tornou-se de tal modo associado à oposição ao apartheid, que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou bandeira de todas as campanhas antiapartheid no mundo.
Enquanto estava na prisão, Mandela enviou uma declaração para o ANC em que dizia:
"Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna, que é a acção da massa unida, e o martelo, que é a luta armada, devemos esmagar o apartheid!"
Recusando trocar a liberdade condicional pela recusa em cessar o incentivo à luta armada (Fevereiro de 1985), Mandela continuou na prisão até Fevereiro de 1990, quando a campanha do ANC e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de Fevereiro, por ordem do presidente Frederik de Klerk. O ANC também deixou de estar ilegalizado.
Em 1989, Nelson Mandela recebeu o Prémio Internacional Al-Gaddafi de Direitos Humanos.
Em 1993, com Frederik de Klerk, recebeu o Prémio Nobel da Paz, pelos esforços desenvolvidos no sentido de acabar com a segregação racial.
Em 1994, foi eleito Presidente da República da África do Sul, cargo que ocupou até 1999.
De Nelson Mandela recordamos algumas frases:
- "A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até ao fim dos meus dias";
- "O bravo não é quem não sente medo, mas quem vence esse medo";
- "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo";
- "Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia";
- "Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos".
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Algumas músicas tradicionais da África do Sul:
- Lady Smith Black Mambazo - Homeless
- Soweto Gospel Choir - Khumbaya
- Shaka Zulu - Maiden Love Song
- Lady Smith Black Mambazo - Song

03 junho 2010

Árvores floridas da nossa rua

Não sei o seu nome. Não sei a sua origem. Mas sei que transformam a rua, nesta altura do ano, com as suas lindas flores.

Ontem, vindos de ver o filme Invictus, com as palavras do poema de Nelson Mandela, ainda a remexerem dentro da nossa cabeça (sobre o corpo estar confinado a uma cela pequena, mas o pensamento e a alma serem livres), pudemos sentir o seu cheiro... Era meia-noite. A rua estava deserta e silenciosa e só havia o cheiro das flores brancas das árvores, cujo nome não sei, para nos receber.
De Mandela, há ainda a referir a grande lição de generosidade, coragem e entendimento das coisas.