Obesidade: "Em cada três crianças, uma é de risco."O coordenador da Plataforma Nacional Contra a Obesidade, Pedro Graça, revelou que quase um terço das crianças portuguesas, entre os 2 e os 5 anos, estão em estado de pré-obesidade ou obesidade, um problema já denominado como uma "pandemia do século XXI", noticia a Lusa, Maio 2010.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que a prevalência da pré-obesidade e da obesidade, em Portugal, nas crianças dos 7 aos 9 anos de idade, é de cerca de 32% (as crianças do sexo feminino apresentam valores superiores às do sexo masculino).
A taxa de ceescimento da doença na Europa tem-se mantido constante, acrescentando 400 mil crianças por ano, aos já existentes 45 milhões de crianças com excesso de peso. Este valor é 10 vezes superior ao registado em 1970. A nível mundial, a prevalência da obesidade é tão elevada que a OMS considerou esta doença como a epidemia global do século XXI.
A obesidade tem origem em diversos factores, complexos, de origem genética, metabólica, ambiental e comportamental. É considerada uma doença crónica e, como tal, requer esforços persistentes e continuados para ser controlada.
O diagnóstico de pré-obesidade e de obesidade é feito através do calculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que se determina dividindo o peso em quilogramas, pela altura em metros elevada ao quadrado. Segundo a OMS, considera-se que há excesso de peso quando o IMC calculado é igual ou superior a 25 e obesidade para valores a partir de 30.
As consequências
A obesidade, nas crianças e adolescentes, está associada ao aparecimento de várias patologias, entre as quais, a diabetes tipo 2, um aumento da tensão arterial, um aumento dos níveis de triglicéridos e colesterol (LDL), bem como à diminuição do colesterol "bom" ((HDL).
Está também associada ao desenvolvimento de outro tipo de sintomas e patologias, como a apneia do sono e as dificuldades respiratórias, distúrbios do aparelho locomotor (como são exemplo as artrites), distúbios hormonais, sindroma do ovário poliquístico, problemas dermatológicos, doenças cardiovasculares e algumas formas de cancro. O cansaço fácil, a sudação excessiva e o aparecimento de dores musculares, são também queixas frequentes e que diminuem o conforto e a qualidade de vida dos indivíduos obesos.
Para esta situação pode contribuir uma dieta com excesso de lípidos, glícidos e hidratos de carcono, um número reduzido de refeições, mas com um elevado aporte em calorias, o consumo em excesso e rotineiro da chamada fast-food, o consumo de bebidas com elevado valor calórico e, por outro lado, o sedentarismo e a falta de actividade e exercício físico.
Os comportamentos e hábitos alimentares adquiridos na infância, em família e também na escola, têm uma influência fortíssima para o aparecimento (ou não) da obesidade. E não basta "ditar regras", há que segui-las, pois, os comportamentos dos pais, avós e irmãos mais velhos, vão ser seguidos pelos mais novos.
Numa sociedade que valoriza constantemente a aparência física, o combate à obesidade e ao estigma a ela associada é, também, uma luta pelo bam-estar mental das crianças e jovens.
Saliente-se que, associados à obesidade, surgem distúrbios psicossociais e emocionais, acompanhados de depressão, ansiedade e diminuição de auto-estima. Têm origem na rejeição social, num contexto social que dá primazia à beleza física.
A prevenção e o combate
A prática de uma verdadeira prevenção e de um tratamento precoce, são essenciais para o combate à obesidade. Quanto mais cedo se instala a obesidade numa criança, maior será a probabilidade de se vir a tornar num adulto obeso.
A prevenção da obesidade infantil é conseguida através da promoção de um estilo de vida assente num bom programa alimentar, acompanhado de um regime de actividade física e desportiva.
As crianças devem tomar todas as refeições e, logo de manhã, é importante preparar um bom pequeno almoço, completo e equilibrado. Importa adequar a alimentação às necessidades energéticas, mantendo-se ao longo do dia uma ingestão fraccionada em, pelo menos, cinco refeições: pequeno almoço, almoço e jantar e dois lanches, um a meio da manhã e outro à tarde.
A alimentação requer-se variada e com produtos naturais em todas as refeições do dia e rica em cereais completos, fruta e vegetais frescos, ricos em fibras. Os vegetais são, também, essenciais para a sopa, a consumir ao almoço e ao jantar.
O consumo de calorias deve ser controlado, em particular no que diz respeito à ingestão de açúcares/sacarose (bolos, biscoitos, bolachas, etc.) e gorduras/fritos, sobretudo os ácidos gordos saturados e colesterol, gorduras sólidas e gorduras hidrogenadas e sobreaquecidas.
Importa dar preferência ao consumo de hidratos de carbono complexos: pão completo/escuro, rico em sementes e ainda cereais, arroz a massas, de preferência completos/integrais.
No que respeita à carne, a preferência deve dirigir-se para o consumo de carnes brancas (como o frango e o perú) e magras (coelho) e, por outro lado, moderar o consumo de carnes gordas (porco, borrego, cabrito) e carnes vermelhas.
O peixe é essencial - sem esquecer as várias formas em que pode ser conzinhado.
Nos cozinhados e temperos, dar preferência ao consumo de azeite, bem como às ervas aromáticas e especiarias, moderando o consumo de sal.
O regime diedético deve, assim, ser equilibrado e nutritivo, evitando carências vitamínicas e outras que conduzam à desnutrição. Deve evitar-se o consumo de refrigerantes, preferindo águas simples, chás e infusões, ou sumos naturais, sem adição de açúcar.
Refira-se, ainda, a importância da ingestão adequada de cálcio, uma vez que, na alimentação equilibrada, reduz o armazenamento de gordura - o reduzido consumo de cálcio, associado à pouca ingestão de lacticíneos, encontra-se associado ao excesso de peso.
A prevenção da cárie dentária, na origem de problemas de mastigação e digestão dos alimentos é, também, essencial, através de um adequado aporte de flúor, de uma boa higiene dentária e de um consumo reduzido de produtos açucarados.
Para os recém-nascidos de pais obesos (grandes candidatos a obesidade infantil) e com padrões alimentares ricos em calorias, a alimentação deve ser baseada, exclusivamente, no leite materno durante, pelo menos, os seis primeiros meses de vida. Na evolução da alimentação da criança, deverá ser dada preferência ao consumo de carnes magras, legumes, frutas e muito pequenas quantidades.
Perda de peso em crianças e adolescentes obesos
São significativos os benefícios da perda de peso em indivíduos obesos ao nível, por exemplo, da tensão arterial. Uma redução em 3% no peso corporal diminui, significativamente, a tensão arterial nos adolescentes obesos; uma melhoria acentuada se o programa de emagrecimento incluir exercício físico. São, também, evidentes e em proporção à perda de peso, os benefícios ao nível da redução dos níveis plásmáticos de triglicerídeos e de insulina, bem como o aumento do colesterol HDL.
A perda de peso em crianças e adolescentes, com diabetes tipo 2, embora difícil, é mais eficaz na melhoria do controlo glicémico, quando na dieta se reduz a quantidade de glícidos.
Sites a visitar sobre a obesidadePortugal é o segundo em obesidade infantil.Criança obesa... adolescente e adulto doente.International Association for the Study of ObesityObesidade por país (Fonte OCDE: Dados de Saúde 2005)
educação.te